terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Arrumação no roupeiro


Achei oportuna a dica de uma consultora de organização: “Seu armário anda abarrotado e, apesar disso, você tem sempre a impressão de que não há nada adequado à ocasião para vestir? Com a chegada do Natal e do fim de ano, é uma boa hora de dar uma reciclada em tudo. Doe todas as peças que não usou nenhuma vez em 2009. Junte as roupas que não servem mais, os acessórios que não vale a pena consertar, o que caiu de moda e, principalmente, os itens que comprou por impulso e que não combinam com você”.

O armário de roupas, na verdade, diz muita coisa sobre nós. Ele é nossa cara. Ou melhor, é o nosso coração. E se antigamente eram pequenos, com poucos cabides, e hoje são grandes e com múltiplos compartimentos, isto já diz tudo. Nos entulhamos com coisas e ficamos sem espaço para guardar o que interessa. Por isto, se existe vontade para organizar o roupeiro, desfazer-se daquilo que é supérfluo, e doar para alguém que precisa, interessante a dica de outro consultor: “Livrem-se de tudo isto: da raiva, da paixão e dos sentimentos de ódio (...) Vistam-se de misericórdia, de bondade, de humildade, de delicadeza e de paciência” (Colossenses 3.8,12).

Estupidamente, não é só de tralhas materiais que a gente se enche durante o ano. Existem coisas que sobrecarregam o coração, que deixam o interior mofento, lugar onde as traças corroem e estragam o perfume da vida. Por isto outro recado: “Não fiquem irritados uns com os outros e perdoem uns aos outros” (Colossenses 3.13). Este é o pior badulaque do armário, o ressentimento. Ele atrapalha o dia a dia, tira o espaço da alegria. E pior, não serve para nada.

Mas isto não é fácil. Aliás, impossível quando se busca dentro do próprio roupeiro o poder da decisão e a coragem para a arrumação. O milagre vem de fora. Ou como explica o texto sagrado: “Pensem nas coisas lá do alto e não nas que são aqui da terra. Porque vocês já morreram, e a vida de vocês está escondida com Cristo, que está unido com Deus. Cristo é a verdadeira vida de vocês” (Colossenses 3.2-4). “Pensar nas coisas lá do alto” é experimentar o conselho do verso 16: “Que a mensagem de Cristo, com toda a sua riqueza, viva no coração de vocês”.

A consultora tem razão, no armário tem muitos itens comprados por impulso e que não combinam com a nossa imagem. Isto porque já deixamos de lado a natureza velha com os seus costumes e nos vestimos com uma nova natureza – a nova pessoa que Deus está sempre renovando para que fique parecida com Ele (Colossenses 3.9,10).

Dois mil e dez não é outro ano. É o mesmo armário, apenas com 365 compartimentos limpos, higienizados. O que vamos tirar e colocar em cada um deles depende mesmo do que estamos vestindo. Uma feliz nova arrumação...

Marcos Schmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O clima de Natal



Escutei de pessoas diferentes a queixa de que já não existe clima natalino. Fiquei surpreso, afinal, nunca houve tantas melodias tocando nas ruas. Nunca houve tantos enfeites e uma variedade tão grande de presentes. Qual seria o problema?

Ultimamente tem se falado muito das mudanças climáticas. O encontro de líderes mundiais em Copenhagen centralizava esse assunto.

Muitas regiões de nosso estado sofreram destruições por causa do excesso de chuvas e pela presença de ciclones. Quem semeia ventos, colhe tempestades.

Mas, o que afeta o clima de Natal não são ventos ou chuvas, não é o aquecimento global, é sim o esfriamento do coração, é a falta de contentamento!

No coração de muitas pessoas o brilho de Natal tem perdido a intensidade, não pela falta de pisca-pisca, mas porque toda a parafernália comercial tem construído uma camada que impede que o Sol da Palavra de Deus ilumine e aqueça nossos corações.

Em nossas mentes, adornamos a Maria com seda, o José com uma túnica de costura perfeita, a manjedoura é feita em tom dourado, tudo para deixar a vitrine mais fashion, mas esquecemos a escolha de Deus, esquecemos que ele recebe os humildes e despreza os soberbos, esquecemos que ele não quis nascer em berço de ouro. No centro da festa um homem gordo e de barba comprida e alva veste roupas de frio em um calor tropical. De fato, o clima natalino sofre alterações!

Mas não podemos nos contentar em ser apenas como termômetros que sabem medir com precisão a temperatura, precisamos procurar o dom de sermos como pessoas termostatos, que são aquelas que influenciam, que mudam o clima, que trazem alegria, que geram a Paz.

Jesus veio para causar mudanças! Ele veio promover salvação! Ainda hoje se achega, vem no inverno e no verão, vem em qualquer temperatura, seja no tempo de Natal ou na Páscoa, no ano velho ou no ano novo. Ele vem.

Que Deus conceda a cada um de nós o sublime dom de receber o Cristo. Assim seremos o próprio presépio, um presépio simples, mas que traz no coração o brilho de quem tem dentro de si não apenas o Menino de Belém, mas também o Rei e o Redentor do Mundo.

Pastor Ismar Pinz
Comunidade Luterana Cristo Redentor
Pelotas - RS

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Pobre criança


Crianças vítimas de todo tipo de violência viraram rotina nas páginas policias. A última e uma das mais bárbaras histórias aconteceu no interior da Bahia, quando o padrasto querendo atingir a mãe, torturava o filho dela, um menino de dois anos, aplicando agulhas com a intenção de matá-lo. Um verdadeiro rito satânico, cheio de más intenções, falta de amor e de corações carregados de podridão e pecados. Pobre inocente criança sofrendo cheia de agulhas num hospital em Salvador, longe de casa em pleno Natal!

Fatos narrados e noticiados envolvendo crianças não são novidades. Cada vez mais o ser humano se mostra menos humano e mais animal. Na semana do Natal, também nos preocupamos tanto com os rituais do Natal: a ceia, a troca de presentes, a festa em família; que ignoramos outra criança. Desconhecido naquela noite fria em Belém, prestes a nascer, sem ter onde repousar, longe de casa, o inocente Filho de Deus vinha ao encontro de pessoas sem amor, ocupadas e carregadas de pecados, nascendo no meio dos bichos.

Uma criança pode ser vista como uma intrusa, atrapalhando planos, projetos e sonhos pessoais; mas também pode ser sinônimo de vida nova, esperança e continuidade de uma história. Aquela criança rejeitada em Belém é a mesma esquecida na noite de Natal – sua festa – por nós!

A intenção de Deus em usar seu Filho era atingir todos aqueles que teriam a oportunidade de tê-la no colo, acessível – e nós hoje temos! Ele não usou agulhas, mas pregos e espinhos em uma história marcada por maldade e luta pela vida, não dele, mas de toda uma humanidade pecadora, a quem oferecia como substituto. “Ele foi rejeitado e desprezado por todos; ele suportou dores e sofrimentos sem fim. Era como alguém que não queremos ver; nós nem mesmo olhávamos para ele e o desprezávamos. No entanto, era o nosso sofrimento que ele estava carregando, era a nossa dor que ele estava suportando... nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu” Isaías 53.3-5.

O amor incondicional de Deus por nós parece história de gente maluca e sem coração. Mas o plano de Deus em oferecer-se a si próprio atravessa os tempos e razão, comprovando que Deus se preocupa sim com pecadores. Mesmo que esqueçamos, ignoramos e “matamos” aquela criança, a promessa fica: “Eu nunca esquecerei vocês”. Tenha um Natal, com aquela criança que tudo fez e suportou por ti – Jesus o Menino-Deus. Substituto e Salvador!

Márlon Hüther Antunes
Teólogo e Pastor da Igreja Luterana
Maceió - AL

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Bugigangas de Natal


Tem uma explicação bem simples para este sentimento contraditório de frustração nesta época do ano! Somos bombardeados por votos de paz, felicidade, esperança – mas não é isto que vivemos. Natal e final de ano, apesar das festas, confraternizações, presentes, comida e bebida, carrega um sentimento de vazio, solidão, perda, fome e sede... Aliás, é zona de alto risco para o suicídio. “Eu quero paz”, suplica Leila Lopes, expondo um desejo de todos. “Estou cansada, cansada da cabeça! Não agüento mais pensar, pagar contas, resolver problemas”, reclama a estrela decadente. E pior que a gente se enche cada vez mais de compras e contas, na esperança de ser feliz com as últimas novidades. Mas logo depois descobre que tudo é velho. Por isto, não adianta salvar o clima do planeta se a gente entulha o mundo e o coração com lixo, e fica vazio daquilo que nunca estraga.

Mas Natal só tem sentido onde o clima está pesado. Afinal, o Deus que nasce humano vem resgatar os flagelados. É o socorro bem aventurado, a felicidade para os pobres de espírito – os que choram, os humildes, os que têm fome e sede (Mateus 5.3-6). É a resposta para os que emitem sinal SOS: “Ó Senhor, ouve a minha oração e escuta o meu grito pedindo socorro” (Salmo 102.1). Mas escreveu o teólogo: “O Senhor Jesus veio a uma humanidade acostumada com uma profunda miséria e desgraça, e feliz numa situação em que ninguém pode ser feliz – a menos que não esteja certo da cabeça”.

Este é o problema. Não é o aquecimento da Terra pela fumaça que vai para cima. É o esfriamento do coração que impede o amor para baixo. “Aquele que é a Palavra veio para o seu próprio país, mas o seu povo não o recebeu” (João 1.11). Como se vê, o primeiro Natal não foi diferente. Não tinha bugiganga debaixo do pinheirinho, mas já havia arrogância mesmo na desgraça. Por isto a tosca estrebaria, pois não havia lugar nos lares. Por isto os campos de Belém, pois as cidades estavam apinhadas de gente atarefada. Por isto os pastores de ovelhas, pois os sacerdotes eram lobos. Por isto os reis magos bem de longe, pois as pessoas de perto viviam distantes. Natal continua isto, é presente usado, é presente descartado. “É um menino que foi escolhido por Deus tanto para a destruição como para a salvação de muita gente” (Lucas 2.34).

Mas se Natal ainda existe, é porque a estrela não apagou. É porque ainda se canta “Oh! Jesus, Deus da luz, quão afável é teu coração que quiseste nascer nosso irmão para todos salvar”. É a promessa de que “Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo” (João 3.17). E se é um tempo de gente deprimida, então é a chance. Pois “no meio delas vocês devem brilhar como as estrelas nos céus, entregando a elas a mensagem da vida” (Filipenses 2.15,16).

Marcos Schmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

sábado, 12 de dezembro de 2009

O Senhor cuida de nós


Como é bom ter alguém para cuidar da gente, que realmente se importa e tem condições de nos proteger, especialmente naqueles momentos difíceis em que desejamos compartilhar com alguém nossa angústia, nossas dores e inquietações.

O povo de Israel estava precisando ouvir uma boa notícia, pois o castigo de Deus pesava sobre eles. Deportados para a Babilônia o povo de Deus se queixava de não haver consolo nem boa notícia da parte de Deus.

Através do profeta Isaías vem a palavra de conforto que diz: “Como um pastor cuida do seu rebanho, assim o Senhor cuidará do seu povo; ele juntará os carneirinhos, e os carregará no colo, e guiará com carinho as ovelhas que estão amamentando” (Is 40.11). Deus afirma aqui que cuidará e protegerá todo o seu povo. De fato, essas promessas se cumpriram. O Senhor cuida de nós.

No Novo Testamento Jesus se apresenta como o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas. Jesus também cuida de nós e este cuidado atinge inclusive a nossa vida espiritual, pois precisamos ser protegidos dos ataques do Diabo, do pecado e da nossa natureza pecaminosa.

O Senhor Jesus cuida de nós. Como é bom saber que não estamos sozinhos e que podemos recorrer a Jesus sempre que desejarmos. De uma forma simples podemos orar e compartilhar nossas alegrias e angústias. Também podemos ouvi-lo pela Bíblia e ser confortados no Batismo e na Santa Ceia.

As palavras de Jesus nos consolam neste tempo de Advento, quando ele afirma que “as minhas ovelhas escutam a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e por isso elas nunca morrerão. Ninguém poderá arrancá-las da minha mão” (Jo 10.27-28).

Oremos: Senhor meu Deus, preciso de ti tanto para os cuidados do corpo como para os cuidados de minha alma. Sei que nada mereço. Por isso, muito obrigado por cuidares de mim pela tua misericórdia e teu amor demonstrados através de Jesus Cristo. Amém.

Pastor Leonídio Schulz Görl

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Natal e o Co2 estão no ar


O natal está no ar. O CO2 também. E enquanto um se perde cada vez mais no imenso universo capitalista, tal qual o gelo que derrete oceano à dentro, o outro aumenta cerca de seis toneladas a cada dia. E nessa atmosfera cheia de encantos, jingles, ofertas, política e fumaça, estamos nós correndo alucinadamente pelos campos da vida, tentando sobreviver a mais um agitado final de ano sem que falte o peru na ceia. Será que alguém notaria se faltasse a ave, tal qual tiraram Jesus e seu presépio da decoração natalina do shopping e ninguém percebeu? Jesus não compra, não vende e nem dá lucro. Que diferença faz?


Não perceber, parece ser uma especialidade da miopia humana. O planeta está aquecendo tal qual o forno que vai hospedar a ave natalina, mas os líderes mundiais que se reuniram em Copenhaguen para a 15º Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, se negam a perceber algo que vá muito além do que seu próprio umbigo e bolso. E assim aproxima-se mais um natal: cada um querendo puxar a brasa para o seu assado e todos correndo o risco de, sem perceber, virar o assado da vez. Enquanto isto, por causa da miopia de mentes e corações fechados, “todo universo geme e sofre como uma mulher que está em trabalho de parto” (Romanos 8.22).

Mas as dores do parto, embora angustiantes, também parecem não sensibilizar o suficiente quem olha apenas para o bolso. O menino estava para nascer. Os hotéis estavam lotados e a renda garantida. Uma criança iria atrapalhar os hospedes, tal qual as metas de redução de gases atrapalham os planos de crescimento da economia capitalista! Com muito custo deram-lhe um lugarzinho na estrebaria. Nascia ali o Rei dos reis e quase ninguém percebeu. Não é de estranhar! Cada um olhava apenas para o seu umbigo. Estavam com os olhos e mentes no recenseamento ordenado pelo império, que buscava saber quantos eram e quanto possuíam. O governo interessado em arrecadar e o povo em sonegar. Quem se importaria com o que aconteceu na estrebaria? Ninguém senão uns pastores que, com fidelidade e paciência, guardavam suas ovelhas pelos campos de ar puro das noites de Belém; e os magos que viram a estrela brilhar no céu.

Mais de dois mil anos passaram e a poluição do pecado e do egoísmo continua a impedir os olhos e os corações de ver a estrela que brilhou no céu de Belém. Vem a noite de natal e a agenda está tão lotada que não há espaço e tempo para ir à estrebaria (igreja) adorar o menino-Deus. Correm freneticamente atrás de ganhar a vida, emitem poluentes e se esquecem daquele que é a vida por excelência. Sem tempo para o menino-Deus, são como o peru que se alimenta alegremente e não nota que o forno o espera. Esbaldam-se na ração do pecado e do prazer sem perceber que assim vão para o forno eterno, pré-aquecido para o diabo e os seus (Mateus 25.41).

"O relógio está zerado. Chegou a hora. Temos que transformar propostas em ações", afirmou o chefe da ONU em Copenhaguen. E para deixar o forno menos quente para a geração que vem, o ideal seria que cada um agisse agora, já á partir deste natal. Ainda bem que enquanto os homens pensam apenas em seus interesses e parece que não se importam com a próxima geração, Deus, muito antes de a terra aquecer, agiu: Amou o mundo (João 3.16) e fez o que prometeu; ainda que lhe custasse a vida: “hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o salvador de vocês – o messias, o Senhor” (Lucas 2.11). Quem nele Crê, ainda que morra, viverá! (João 11.25). Por isso, antes que a terra esquente mais “escutem o que Deus diz: hoje é o dia de ser salvo” (2 Coríntios 6.2). Eis o sentido de o natal estar no ar e no coração!

Ernani Kufeld
Teólogo e pastor da Igreja Luterana em Aracaju

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O bolo natalino no forno do efeito estufa


"O relógio está zerado. Chegou a hora. Temos que transformar propostas em ações", afirmou o chefe da ONU para o clima, no discurso de abertura na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Disse também que o "bolo de Natal" que espera de presente está dividido em três partes: diminuição das emissões de gases; ajuda financeira aos países pobres para adaptar a economia às novas tecnologias limpas e renováveis; e cooperação entre todos os países para combater o aquecimento global.

Não posso prever o final deste encontro, mas uma coisa afirmo com absoluta certeza: ele terminará sem as ações necessárias para resolver os graves problemas do planeta. A conclusão é lógica porque ninguém vai querer dividir o bolo de Natal. Só um exemplo: de acordo com um jornal inglês, os mais de 30 mil participantes vão produzir durante os 11 dias, cerca de 41 mil toneladas desta fumaça que provoca o efeito estufa. Estima-se que 140 jatos particulares pousarão no aeroporto da cidade e 1200 limusines vão transportar os participantes durante o período – gerando uma poluição de uma cidade de 140 mil habitantes. Se o “relógio está zerado”, se a hora é agora, o exemplo não deveria vir de cima? Mas numa economia mundial viciada na fumaça do petróleo e das chaminés industriais, o tratamento é doloroso e extremamente difícil. É que o remédio exige sacrifício próprio. E muito, muito dinheiro. E como diz a Bíblia, o amor ao dinheiro é a fonte de todos os tipos de males. É o nocivo combustível que fumega no coração e solta fumaça mortal. Parece que estamos numa chaminé cheia de fuligem e sem saída.

Mas, saída existe. Está descrita nas páginas da Bíblia: “Um dia o próprio Universo ficará livre do poder destruidor que o mantém escravo e tomará parte na gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Pois sabemos que até agora o Universo todo geme e sofre” (Romanos 8.21,22). Portanto, uma solução total e definitiva através da interferência direta do Senhor que veio, que vem e que virá. Não de mãos tecnológicas da ciência humana, mas do poder divino e criador, que resgatou o mundo das conseqüências do pecado e prometeu um novo céu e uma nova terra (Apocalipse 21.1).

No entanto, a esperança cristã, focada outra vez na Festa do Natal, não autoriza a omissão e o descaso com a preservação do meio ambiente. Muito pelo contrário. Aqueles que crêem na profecia do filho da mulher que esmagou a cabeça da serpente (Gênesis 3.15) – presenteada no Deus enrolado em panos, deitado em manjedoura – têm agora o compromisso de preservar os campos de Belém. Afinal, não foi revogado o primeiro mandamento das leis ambientais que ordena: cuidarás da terra e nela farás plantações (Gênesis 2.15).

Por isto, ó Deus-Homem, ilumina os senhores do mundo e dá-nos o amor do teu sacrifício para dividir o bolo de Natal. Amém.

Marcos Schmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Preparem-se


Que eventos nós brasileiros estamos esperando para 2014 e 2016? A Copa do mundo e as Olimpíadas. Imagina se nada fosse feito até lá: se ninguém tivesse nem aí; se itens como transporte e a segurança continuassem do mesmo jeito. Imagina se os hotéis nem se preocupassem em aumentar o número de quartos; se os restaurantes, passeios turísticos, aeroportos, farmácias... São tantas coisas que precisam ser mudadas. 
 
Agora, imagina se o filho de Deus estivesse para vir e ninguém fizesse nada. Imagina se o Salvador, anunciado desde a queda em pecado, estivesse chegando para nos salvar e todos estivessem indiferentes para este fato. 

É aí que entra um personagem bíblico importantíssimo apesar de muito humilde: João Batista. Este profeta tinha como missão preparar o caminho para a vinda do Messias. Que tarefa!

Os reis de antigamente não viajavam para terras distantes sem que antes as estradas fossem arrumadas e estivessem em perfeitas condições. João Batista foi aquele encarregado de avisar o povo de que o caminho deveria estar preparado para a vinda do filho de Deus. A profecia do Antigo Testamento fala sobre esse profeta: alguém está gritando no deserto: preparem o caminho para o Senhor passar! Abram estradas retas para ele! Todos os vales serão aterrados, e todos os morros e montes serão aplanados. Os caminhos tortos serão endireitados e as estradas esburacadas serão consertadas. E todos verão a salvação que Deus dá (Lucas 3, 4-6).

Esse caminho é o nosso coração que o próprio Deus prepara. A mensagem de arrependimento dada através de João Batista, um recado até duro mas cheio de esperança, prepara nossos corações, pois revela nossa pecaminosidade e também mostra a real necessidade de um Salvador. O Espírito Santo usou o servo João para dizer aos nossos duros corações que por conta própria estaríamos naufragando em nossos muitos pecados, mas que, em Cristo, nossas esperanças são renovadas. Como um caminho esburacado que foi arrumado para a passagem de um rei, o Espírito Santo aterrou nossos corações para a chegada do Rei Jesus.   

Esta é uma mensagem de alegria! Alegres e esperançosos entramos neste tempo de Advento.
Como é que nossos corações estão sendo preparados para a chegada do menino Jesus neste Natal?

Otto Neitzel
Pastor Luterano
Porto Alegre - RS

domingo, 6 de dezembro de 2009

Não acabará nunca







Milhares de casais, todos os anos, prometem diante de altares, juízes de paz e familiares, que o seu amor não acabará nunca. Vai durar até que a morte os separe.

Infelizmente, como os números e a realidade mostram, esta é uma promessa que costuma falhar. O número de divórcios todos os anos é igualmente na casa dos milhares. A promessa de que o amor não acabaria nunca às vezes é quebrada até pela mais simples queda que acontece pelo caminho.

Fato parecido acontece com amizades, sociedades, relacionamentos diários. Promessas de fidelidade, parceria e auxilio mútuos, que parecem ser duradouros, acabam balançados e até rompidos por chacoalhões da vida, à medida em que o ser humano, imperfeito, interage com outro ser humano, igualmente não-perfeito.

À luz desta realidade humana, a promessa divina salta aos olhos. “O meu amor por você não acabará nunca”. Diante de tantas quebras e rompimentos, para alguém prometer algo assim, tem que ser muito bom. Muito seguro do que está falando.

E ele é. Não apenas seguro do que fala, mas também demonstra este discurso em ações. Quando muitos já duvidavam de sua promessa de salvação, Jesus veio ao mundo como o autor dela. Quando muitos duvidavam da eficácia da obra de Cristo na sexta-feira santa, ele cumpriu as promessas e voltou a viver na Páscoa. Quando muitos ainda hoje duvidam de sua existência, ele continua a renovar suas promessas todas as manhãs, em ações e gestos que surpreendem a razão.

Um amor que nunca vai terminar. Esta promessa é de Deus para conosco. É de Cristo, o noivo, para com sua noiva, a Igreja. Nesta nós podemos confiar: vai durar a vida a toda, até que a morte nos reúna.

Oremos: Querido Deus, teu amor nunca tem fim. Ajuda-me a crer e a permanecer nesta certeza até o fim de minha vida. Por Jesus. Amém.





Pastor Lucas André Albrecht


Capelão da Ulbra


Canoas - RS

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Jesus “Frankenstein”


Estou lendo o livro “Evangelhos perdidos” de Bart D. Ehrman, escritor norte-americano especialista sobre os primórdios do cristianismo. Ele fala sobre as várias cartas e evangelhos apócrifos – obras supostamente escritas por Pedro, Tomé, Paulo e outros apóstolos. Há umas quatro dezenas deste tipo de literatura que desapareceram ou que restam apenas fragmentos – a maioria do segundo século e que forjaram um documento usando o nome dos apóstolos. Bart explica que a razão na época para este tipo de falsificação era para “atrair mentes para uma opinião”. O que acontece ainda hoje pela internet, quando artigos e poemas são enganosamente atribuídos a Luis Fernando Verissimo, Charles Chaplin, e outros famosos, tudo para garantir atenção.

Além do mais, a maioria destas “bíblias” apócrifas, ou secretas, dizia coisas diferentes às doutrinas cristãs expostas nos 27 livros canônicos do Novo Testamento. Declaravam, por exemplo, que não havia somente um Deus, mas dois, doze, ou trinta. Outros diziam que o mundo não tinha sido criado por Deus, mas por uma divindade menor e ignorante. Todos eles com influência do gnosticismo – uma filosofia da Grécia antiga que anunciava a “salvação” através da “gnosis” (conhecimento). O resultado deste cristianismo místico foi um “Jesus Frankenstein”, isto é, um Cristo apenas humano e não divino, ou apenas divino e não humano, e assim cortava a cabeça da igreja – o próprio Salvador.

O apóstolo já alertava: “Ponham à prova essas pessoas para saber se o espírito que elas têm vem mesmo de Deus; pois muitos falsos profetas já se espalharam por toda parte. É assim que vocês poderão saber se, de fato, o espírito é de Deus: quem afirma que Jesus Cristo veio como um ser humano tem o Espírito que vem de Deus” (1 João 4.1,2). E se agora chega o Natal, nada mais oportuno para os cristãos fortalecerem a fé no Jesus “Luz de Luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas; o qual por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e se encarnou pelo Espírito Santo na virgem Maria e foi feito homem” (Credo Niceno).

Ainda preciso terminar o livro “Evangelhos perdidos”. Enquanto isto, assisto perplexo os políticos perdidos, escondendo dinheiro nas meias e nos bolsos. É a política apócrifa, secreta, falsa, que usa o nome do povo e até invoca Deus em oração, para enganar e roubar. Mas então lembro o Natal, tempo da justiça, e ouço o cântico de Maria com o Salvador no ventre: “Deus derruba dos seus tronos reis poderosos”. É a primeira e a última esperança.

Marcos Schmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS