quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ver para crer

*Márlon Hüther Antunes


Parece que somos como o personagem Bíblico Tomé, o discípulos de Jesus, que mesmo depois de ter ouvido as palavras preditas do Mestre sobre sua ressurreição, coloca-as em xeque, acredita só se colocasse o dedo, sentisse e vesse para então crer.

Cenas destruidoras estão à nossa porta diariamente e nas manchetes de noticiários, assim como as chocantes conseqüências das chuvas e deslizamentos no Rio de Janeiro, deixando mais de 200 mortes, sem considerar os incontáveis prejuízos. Parece que vivemos dia após dia como Tomé, sabendo das coisas, mas céticos. O que acontece no Rio há dias não é nenhuma novidade. Na verdade é o grande problema das cidades (brasileiras), políticos e pessoas: descaso total daqueles que são responsáveis pela fiscalização ou pelas construções desordenadas e em áreas de risco. Constroem sobre o lixo, ou permite-se que estes entupam os bueiros. Neste caso, ver para crer pode ser um caminho perigoso e as conseqüências cruéis. Um dia a casa (infelizmente) cai.

Não é uma questão de moralismo, porque fatos deste tipo não acontecem pela primeira vez, são situações que se repetem década após década, ano após ano e, depois da tempestade (e destruição) esquecemos dos exemplos, conselhos e normas. Depois da destruição é um “Deus nos acuda”, desespero, insegurança, e medo – este era também o contexto de Tomé e dos discípulos após a morte do Senhor. Ajam bombeiros ou voluntários para revirar esses escombros e lama.

Nestas situações, alguém para aliviar o fardo, tranqüilizar é fundamental, mas não dando casa própria encima de lixo ou em área de risco. Mesmo quando somos céticos e desatentos às sábias palavras, não somos abandonados e esquecidos; Jesus pode ser comparado a um bombeiro ou voluntário, disposto a virar os escombros de nossas vidas, tirar o lixo e enfrentar a morte a fim de nos resgatar. Enquanto a omissão mata, o interesse, o agir em favor traz vida. Jesus sabia o que se passava com os discípulos que sofriam e daqueles que sofrem hoje, Ele sabe o que é sofrer, pois sofreu o mais cruel dos sofrimentos. Ele não quer que sejamos omissos com nossos direitos, deveres ou mesmo ao seu amor, pois só assim Ele pode dar e oferecer o que mais precisamos: Paz! Não espere ver para crer, creia e construa sua vida sobre a rocha firme, assim como orientado por Jesus: “Quem ouve esses meus ensinamentos e vive de acordo com eles é como um homem sábio que construiu a sua casa na rocha” (Mateus 7.24).

* Teólogo e Pastor da Igreja Luterana, Maceió

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