quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Não esqueçam das crianças e dos professores

Há poucos anos quando se perguntava a uma criança o que gostaria de ser quando crescesse, a grande maioria diria: ser professora. Parece que o prestígio está cada vez mais em baixa. É cada vez mais raro encontrar quem almeje encarar os obstáculos da educação. Não é por menos, encontramos uma classe sobrecarregada, desmotivada, esquecida; isso quando não amedrontada ou coagida pelos próprios alunos ou pais. As consequências estão aí, transformamo-nos em reféns das crianças mal educadas e agora crescidas.

A pergunta “o que estamos esperando de nossas crianças” deveria ser refeita e levar a sociedade como um todo à reflexão e ação: “o que estamos deixando para as nossas crianças”.
A educação parte de um doar-se, da preocupação e necessidade de boa base na formação de pessoas cidadãs. Não é um assunto novo, no mês que se comemora a reforma protestante, que teve como o principal pensador, Martinho Lutero, segundo a Revista Escola, “o autor do conceito de educação útil” (edição 022, 2008), que vendo a realidade abusiva e de abandono do sistema educacional na Idade Média, sugere uma concepção de educação que visasse à formação de um ser humano integral.

Para o reformador a educação em primeiro plano, era tarefa dos pais, mas compromisso precípuo das autoridades em todos os níveis. Para ele, era necessário uma estrutura social que garantisse esse acesso indistintamente para todas elas, com gente especializada para essa tarefa, mantida comunitariamente, tarefa do Estado. Além do mais combateu a educação repressiva, introduziu o lúdico na aprendizagem. Amarrou o estudo das disciplinas a um aprendizado prático. Também lutou por boas bibliotecas. Dentro de sua ótica cristocêntrica, retransmitiu à sociedade de sua época a posição de Jesus: “Digno é o trabalhador do seu salário” (Lucas 10.7).

Hoje a situação é esta: da educação repressiva da época, temos uma libertinagem; aos professores recai a obrigação de preparar crianças e jovens para o vestibular, não ajudar na formação de cidadãos. E quanto à estrutura e salários, sem comentários.

A educação parte de um doar-se, da preocupação e necessidade. É neste sentido que o Mestre dos mestres vem como modelo às crianças, professores, pais, enfim a todos, na orientação do caminho à cidadania plena: “Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (João 14.6). Por Ele, ninguém é esquecido!

Márlon Hüther Antunes
Teólogo e pastor da Igreja Luterana
Maceió – AL

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