sexta-feira, 10 de abril de 2009

Não rasguem as roupas, mas sim o coração!

Quando criança, principalmente na escola, temos muito contato com outras crianças das mais variadas denominações religiosas. Nessa fase as crianças são muito espontâneas em relatar aquilo que aprenderam em casa, com seus pais. E as verdades aprendidas em casa ainda são “a verdade”, não se admite contestação ou idéia diferente.

Me lembro de algumas coisas, se não estranhas, pelo menos engraçadas pra minha cabeça da época de criança. Me lembro de um colega que dizia que não se podia comer um animal que foi degolado. Aí eu ficava pensando nas galinhas que minha tia matava torcendo o pescoço. Outras vezes ouvia colegas dizendo que na Sexta-Feira Santa não se podia comer carne vermelha, só peixe, e eu não gostava de peixe, mas salivava por um bom churrasco ou pela carne de panela da minha mãe. Que bom que nós crescemos e, bem instruídos na Palavra de Deus, podemos entender essas coisas.

A época da Quaresma é um tempo de preparação para a grande festa do cristianismo: a Páscoa. São quarenta dias (sem contar os domingos), a partir da Quarta-Feira de Cinzas até o Domingo da Páscoa.

O número 40 não foi escolhido aleatoriamente. Esse número é um reflexo de vários acontecimentos especiais que também necessitaram de um preparo especial: os quarenta dias de jejum de Moisés no Monte Sinai (Êx 24.18; 34.28); os quarenta dias que Elias permaneceu no monte Horebe (1 Rs 19.8); os quarenta dias das chuvas no Dilúvio (Gn 7.12,17); os quarenta anos de peregrinação do povo de Israel pelo deserto (Êxodo); os quarenta dias de purificação de uma mulher após o parto (Lv 12.2-4); os quarenta dias que Jesus permaneceu na terra após a sua ressurreição (At 1.3).

Todas essas formas externas de preparação eram uma exigência de Deus para o povo do Antigo Testamento pois Ele tinha um objetivo: que os outros povos enxergassem em Israel um povo diferente, que seguia um só Deus, o único Deus verdadeiro. Essa era a forma de se fazer missão. Contudo, mesmo no Antigo Testamento Deus sempre valorizou o que estava no coração e não somente o ato externo. Por isso ele diz através do profeta Joel: “em sinal de arrependimento, não rasguem as roupas, mas sim o coração” (Joel 2. 13).

Jesus, que veio para cumprir todas as exigências da Lei de Deus, que acabou de uma vez por todas com os sacrifícios, porque ele era “O Cordeiro de Deus”, nos diz no Sermão do Monte: “tenham cuidado de não praticarem os seus deveres religiosos em público a fim de serem vistos pelos outros” (Mateus 6. 1b).

A nossa preparação, não só para a Páscoa, mas para toda a obra de Deus, deve ser feita no nosso íntimo, onde o nosso Pai Celestial nos vê em segredo.

Mas nós não conseguimos nos preparar de forma digna. É Deus, e só Deus que pode renovar completamente nossas mentes e nosso coração (Efésios 4. 23).

É tempo de nos colocarmos nas mãos do oleiro celestial e deixar que Ele nos molde, nos transforme, nos renove e nos prepare para a Páscoa, para podermos, com grande alegria nos corações receber o Cristo ressurreto, Senhor de todos. Amém.

Pastor Marcio Loose

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