quarta-feira, 11 de março de 2009

ESTUPRO, GRAVIDEZ E UM DILEMA

Que caso difícil este que envolveu o estupro de uma menina de nove anos, a gravidez de gêmeos e o aborto provocado pela equipe médica para preservar a vida da menina.

Diante desse caso, sentimo-nos pequenos, fracos e por demais imperfeitos. Notamos o quanto à justiça foge das mãos humanas. Tais casos ganham o nome de dilema, um dilema onde optando pelo aborto, duas vidas foram sacrificadas. Um dilema onde se optassem pela continuação da gravidez, a vida da menina correria riscos e igualmente os gêmeos facilmente iriam a óbito. Qual fosse a decisão incorreria em erros.

Sou contra o aborto, pois é um assassinato! No entanto, sinto-me pequeno demais para colocar-me como juiz nesta situação. Creio que os profissionais da medicina, que lutam pela vida, tiveram suas razões para tomar tal decisão. No entanto, toda sociedade deve lamentar a morte destes gêmeos. Não no sentido de condenar ou de excomungar este ou aquele, mas de compreender que se tratavam de vidas, e compreender que devemos buscar e lutar contra o verdadeiro causador desta catástrofe.

O indivíduo que verdadeiramente causou todos estes malefícios foi o estuprador. Incrivelmente, a mídia perdeu este foco – ficamos a debater a postura do bispo católico e dos médicos e nos esquecemos do pedófilo, nos esquecemos do estuprador! E digo mais, nos esquecemos de toda uma rede que alimenta estes casos. Por que será que o número de crianças molestadas tem aumentado tanto?

Vivemos numa sociedade excessivamente erotizada! Vivemos numa sociedade que alimenta e enobrece a pornografia, que escancara tudo isso aos nossos olhos e aos olhos das crianças. Queimamos etapas e semeamos o caos. Toda esta acumulada erotização alimenta a mente insana de alguns. A sexualidade é corrompida de tal forma que muitos se acham no direito de abusar, de estuprar! Este abuso já é condenável com um adulto, imaginem com uma criança.
A mídia, de olho no ibope e no lucro, alimenta essa rede. A sociedade como um todo participa do processo e depois sofre as conseqüências.

Mais importante do que dissecar o caso da menina de nove anos e da morte dos gêmeos, julgando a atitude do arcebispo ou julgando a atitude dos médicos, mais importante do que tal julgamento é dar a mão à palmatória e assumir que tornando a sexualidade algo descartável, tornamos a própria vida descartável. Assim pensa-se que podemos usar o outro para o prazer próprio e depois descartá-lo. Assim a vida perde o valor. O aborto então passa a ser algo natural, o estupro e os abusos tornam-se freqüentes.

Que Deus nos livre deste caos e que nos reensine a valorizar a vida a partir do seu amor e dos seus ensinamentos.

Ismar L. Pinz
Pastor luterano

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