quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

JUSTIÇA SEJA FEITA

Tudo leva a crer que o caso do italiano Battisti carrega o tempero do ressentimento. Quem deixa escapar isto é o próprio ministro Tarso Genro, na explicação de que “a negativa de devolver Battisti tem base na legislação do país, assim como a recusa da Itália em extraditar o ex-banqueiro ítalo-brasileiro Salvatore Cacciola”. Caso parecido são as multas aos motoristas argentinos, que agora precisam pagar o débito na volta para casa, que não deixa de ser motivo para vingar-se das polpudas propinas aos policiais de lá. Literalmente “aqui se faz, aqui se paga”. Aliás, o “princípio da reciprocidade” foi a base para o famoso canetaço de um juiz federal do Mato Grosso em janeiro de 2004. O homem da lei determinou que os norte-americanos fossem fotografados e as impressões digitais colhidas ao entrarem em solo brasileiro – uma forma de retaliação pelo constrangimento que turistas brasileiros enfrentavam nos Estados Unidos.

A questão é: Vale a pena? Sobre a atual situação dos turistas argentinos retidos na fronteira – carro guinchado, noite em hotel, papelada do Detran, criança chorando – vem deles a resposta: Não voltamos mais! Sem a pretensão de defender as irregularidades deles no trânsito, creio que a mudança das regras no meio da temporada é desleal. E outra coisa, a indústria das multas em nossas estradas não poupa ninguém. Com certeza, fevereiro vai ser mais tranqüilo nas praias gaúchas e catarinenses, e aí, quem vai dizer se vale a pena são os donos de hotéis e restaurantes.

São apenas exemplos com opinião pessoal para lembrar uma regra absurda promulgada pelo Juiz dos juízes: “Vocês ouviram o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Mas eu lhes digo: não se vinguem dos que fazem mal a vocês. Se alguém lhe der uma tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se alguém processar você por tomar a sua túnica, deixe que leve também a sua capa” (Mateus 5.38-40). É óbvio que Jesus fala de algo humanamente impossível. Tanto que mais adiante diz: “Sejam perfeitos em amor, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu”. Aliás, o leitor ou ouvinte das Sagradas Escrituras que não compreende o sentido bíblico de justiça, segue por uma rodovia repleta de pardais carregando na bagagem medo e revolta.

O texto sagrado explica que Deus faz justiça sem o uso da lei (Romanos 3.21-31). E por três fatos bem simples: Os mandamentos exigem perfeição, todos os seres humanos são transgressores, e Deus quer redimir a todos. Por isto o “mas” da Bíblia, uma palavrinha com três letras que apontam para o coração do Criador: Medida de Amor que Salva. Ou como expressa o texto de Romanos: “Todos pecaram e estão afastados do amor de Deus. MAS, pela sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Cristo Jesus, que os salva" (Romanos 3.23,24).

Em todo o caso, que os nossos legisladores aqui em baixo sejam sábios e honestos. Sobre isto a Bíblia adverte: “A justiça engrandece um povo, mas o pecado é uma desgraça para qualquer nação” (Provérbios 14.34).

Marcos Schmidt
Pastor luterano

marsch@terra.com.br

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