quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A GUERRA DE ISRAEL

Se Abraão tivesse esperado um pouco mais na promessa de Deus, quem sabe, as coisas seriam diferentes lá na Faixa de Gaza. Aventurou-se e teve um filho fora do casamento. E depois as coisas nunca mais se ajeitaram entre os descendentes de Sara e de Agar. Instigante a profecia divina sobre Ismael, fruto desta relação extraconjugal e antepassado do povo árabe: “Esse filho lutará contra todos, e todos lutarão contra ele” (Gênesis 16.12). Complicado querer justificar as guerras de Israel com tal deslize de Abraão – e por tabela, todos os nossos infortúnios por causa da desobediência do primeiro casal. A gente gosta de se fazer de vítima, de dizer: “eu sou assim por isto e por aquilo”. Mas, impossível negar que tudo tem um ponto de partida. O final, no entanto, pode ser diferente, e isto depende de cada um. No caso do povo de Israel, as páginas do Antigo Testamento estão lá e ninguém pode arrancá-las da Bíblia. Deus tinha um propósito na vida de Abraão: “Por meio de você eu abençoarei todos os povos do mundo” (Gênesis 12.3). Esta bênção é Jesus, a 42ª geração de Abraão. No entanto, ao cumprir-se a promessa nas campinas de Belém, o Deus de “todos os povos” está indevidamente protegido sob os arrogantes muros da “santidade”. Por isto a insistência de Jesus em suas pregações contra esta absurda idéia de um povinho exclusivo e especial. E para arrancar a máscara da pureza, o Salvador entra na casa de gente excluída, em cidades de gentios – descendentes do filho bastardo de Abraão – e escandaliza os “donos de Deus”.

O problema em Gaza não tem solução, assim como todas as guerras neste planeta dividido em cercas territoriais. É pura ilusão pensar que um dia teremos o fim dos conflitos atráves de acordos e tratados políticos entre as nações. Aliás, guerra por guerra, qual a diferença entre Gaza e a criminalidade que nos ronda? O Brasil tem 50 mil homicídios por ano, 10% do mundo. É a nação que mais comete assassinatos. Tem solução? A única encontrada é colocar mais policia nas ruas, contratar segurança, construir presídios. É o que fazem as nações que investem em sofisticadas armas, transformando a guerra na indústria que mais gera lucro. Incrivelmente, o jeito humano para a paz é a própria guerra.

Mas, se olharmos em outra direção, a Faixa de Gaza têm jeito. Está nas palavras de Jesus: “Deixo com vocês a minha paz, a minha paz lhes dou, não como o mundo costuma dar” (João 14.27). Está na profecia do Natal: “As botas barulhentas dos soldados e todas as suas roupas sujas de sangue serão completamente destruídas pelo fogo. Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o nosso rei... Ele será chamado de Príncipe da Paz” (Isaías 9.5-6). Gaza, o mundo, e a vida de cada um, têm remédio, sim. Está na oração: “Que a paz que Cristo dá dirija vocês nas suas decisões” (Colossenses 3.15).
Marcos Schmidt
Pastor luterano
marsch@terra.com.br

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

MUDANÇAS


Houve e ainda há muita resistência com a reforma na ortografia da língua portuguesa. Mas se é para aproximar as culturas de oito países que falam a mesma língua e escrevem de outro jeito, por que não? Se a finalidade é para descomplicar a grafia, tirar o chapeuzinho do “enjôo”, qual a razão de tanta polêmica? Só existe uma explicação do choro: o incorreto acento no “eu”. É sempre assim nas mudanças, elas são boas desde que não atrapalhem a minha vidinha. No artigo “O trema, tremendo trema, já era”, Moacyr Scliar lembra que a discussão sobre tal reforma não envolveu apenas aspectos ortográficos, mas no fundo foi uma questão de política e de poder. Natural, bem humano! Qualquer coisa que mexe com a rotina pessoal, mesmo que seja boa, provoca transtornos num comodismo viciado na política do egocentrismo – e isto é bem mais complicado do que comer lingüiça sem trema. Mas, como alguém já disse, o que está por trás das leis políticas e dentro das lingüiças, ninguém sabe.

Tem coisas que a gente faz e nem sabe por quê. Igual a história do bezerro. O animal irracional atravessou uma mata virgem fazendo uma trilha sinistramente tortuosa. No dia seguinte, um carneiro e seus companheiros passaram pelo mesmo caminho sinuoso. Mais tarde, pessoas começaram a usar a trilha que virou uma estradinha. O tempo passou, e a estradinha transformou-se na principal avenida de uma grande metrópole, com curvas e mais curvas. Endireitar a estrada reduziria a distância pela metade, mas todos estavam acostumados com o caminho do bezerro. Pois na vida da gente acontece algo parecido. Segue-se por estradas sem indagar o resultado prático e final.

Até Deus mudou de direção. Diz o Evangelho que a Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós (João 1.14). Foi uma reforma ortográfica radical na vida da Palavra que já existia antes de ser criado o mundo (João 1.1). Uma mudança para o bem de todos, mas igualmente contestada: a Palavra veio para o seu próprio país, mas o seu povo não o recebeu (João 1.11). Não o recebeu devido às manias de tradições que Jesus mesmo condenou (Marcos 7.8). Os responsáveis pela ortografia, digamos, os da Academia de Letras, haviam transformado as objetivas e simples letras de Deus num manual repleto com regras humanas. “Vocês desprezam a palavra de Deus, trocando-a por ensinamentos que passam de pais para filhos” (Marcos 7.13), advertiu o Salvador. Por isto o convite: Venham a mim todos vocês que estão sobrecarregados e aprendam comigo, pois os meus ensinamentos são fáceis (Mateus 11.28-30).

Quem sabe a gente aproveita a onda da reforma ortográfica neste começo de 2009, e faz um acordo consigo mesmo, eliminando tremas, acentos, hífens e outros penduricalhos que tanto atrapalham a redação do dia-a-dia? Pode ser difícil no começo, mas com o tempo a gente vai sentir a diferença.
Marcos Schmidt
Pastor luterano
marsch@terra.com.br

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

SABEDORIA DIVINA


Vivemos na Sociedade do Conhecimento. Uma sociedade baseada no capital humano e intelectual e onde as idéias passam a ter grande importância. Os profissionais mais valorizados são aqueles que investem em numa formação global e sólida, que buscam conhecimentos extras (informática, línguas, etc.), aqueles que são polivalentes, que tem capacidade e disposição para mudanças, que se reciclam constantemente e que tem o dom da interação, da boa vivência em grupo.

Contudo todas essas valorosas características são investidas num grande objetivo: obter sucesso profissional, econômico, material, etc. É a constante busca da glória, mas da glória terrena que, mais cedo ou mais tarde, se vai como um sopro.

Existem aquelas pessoas que não se enquadram dentro desse novo perfil de profissional e acabam sendo marginalizadas. Existem vários motivos para não se alcançar tamanha sabedoria: falta de interesse, conformismo, falta de oportunidade e até mesmo dificuldade de aprendizagem. É claro que a sabedoria secular é importantíssima, tanto para o sucesso profissional como para se obter cultura, por exemplo. Contudo a grande sabedoria é aquela que dura e que nos leva à vida eterna.

Quando escreve sua segunda carta ao jovem pastor Timóteo, o apóstolo Paulo lembra que, tanto sua mãe e como sua avó, eram mulheres de “fé sincera” e que educaram-no nesta fé. No capítulo 3, versículo 15 o apóstolo mostra qual é a verdadeira sabedoria: “E, desde menino você conhece as Escrituras Sagradas, as quais lhe podem dar a sabedoria que leva à salvação, por meio da fé em Cristo Jesus.”

A Palavra de Deus não é de fácil compreensão, pois a mensagem do seu grande amor vai muito além do que nossas mentes corrompidas pelo pecado podem aceitar e entender. Além disso o diabo usa “teorias científicas” e até “pastores” para tentar nos confundir.

Porém não devemos desesperar pois Deus quer e pode nos dar tal sabedoria. No Salmo 119.100,102 lemos: “Tenho mais sabedoria do que os velhos porque obedeço aos teus mandamentos. Não tenho deixado de cumprir as tuas ordens porque és tu que me ensinas.”

O segredo da sabedoria divina é a dedicação ao estudo de sua Palavra. Que Deus nos conceda rica medida do seu Espírito e nos dê muita sabedoria para entendermos a sua Palavra e muita fé para aceitarmos aquilo que vai além da nossa compreensão.
Pastor Marcio Loose.