quarta-feira, 23 de junho de 2010

Entre vitórias e derrotas

* Márlon Hüther Antunes


Em tempos de Copa do Mundo, o Brasil pára. Pessoas se unem numa só voz na torcida e amor pela seleção que representa a Pátria. No país do futebol, multidões, incluindo aqueles que não são grandes amantes do esporte, entram neste time. A cada vitória muitos fogos e comemoração. Ninguém quer pensar em derrotas. Um gol contra o time gera desconforto e reclamação, mas o jogo segue e nem sempre é sinônimo de derrota e fim da linha ou desclassificação.

Mas, enquanto alguns vibram, outros choram e não celebram as demais fases. A esperança ficou para a próxima vez. No jogo vitorioso do Brasil, no último domingo, dia 20, não foi diferente: grande parte da população se reuniu numa só “fé”. Porém muitos, no estado de Alagoas e Pernambuco, não viram o jogo da seleção. Não havia energia elétrica e os televisores, luxo de um passado recente, não funcionaram. A bola da vez não era a temida “jabulani”, mas os dribles para preservar o que para muitos foi uma vitória - a oportunidade de seguir mais uma fase – sobreviver. Na superação frente os estragos causados pela violência das águas, pessoas se uniram na solidariedade por outras milhares que choravam e ainda choram a tragédia que as enxurradas causaram para centenas de famílias, em dezenas de cidades. Amigos e anônimos empenharam-se para formar uma grande seleção, em prol de muitos, em nome de uma paixão maior que o futebol, o doar-se em favor do próximo.

Na vida, assim como no futebol, parece haver uma grande contradição: quando menos se espera, os favoritos amargam salgadas lágrimas e para recomeçar é necessário unir forças, levantar a cabeça. Foi assim que muitos nas cidades sem acesso obtiveram ajuda, olhando para cima, na esperança do conforto que chegou do alto - pelos helicópteros, com mantimentos e donativos, básicos para a vida. Assim também podemos olhar para cima louvando, como muitos jogadores fazem no momento da comemoração do gol, ou pedindo ajuda e confiando quando as nossas forças e limitações se esvaziam. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria” (Salmo 46.1-3).

Deus em todos os tempos cuida das pessoas com um grande time, liderado por seu Filho Jesus, sinônimo de doação e providência pela vida, não só diária, mas eterna. Portanto, mesmo que soframos os gols contra, seguimos na certeza de que em Cristo, “somos mais que vencedores” (Romanos 8.37). Entre vitórias e derrotas, este Deus que parece tantas vezes contraditório, nos garante que nosso maior oponente - a morte – já foi vencido. É o apito do juiz. É a esperança que vem do alto!

* É Teólogo e Pastor da Igreja Luterana de Maceió - AL

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