sábado, 13 de fevereiro de 2010

Carteira de motorista

Quando percebi, estava com a carteira de motorista vencida e tinha ainda uns dez dias com prazo de validade para dirigir. Isto foi agora, em janeiro. Corri logo atrás da renovação optando pela prova. Lá fui eu, sem me preparar. Das trinta questões respondi corretamente vinte e duas. Precisava acertar vinte e uma. Foram perguntas “pega ratão”, como tinham me avisado. Fiquei surpreso pelo grau de dificuldade nas questões. Depois soube que oitenta e cinco por cento das pessoas que não se preparam, rodam na prova. Passei por um triz.

A gente passa por um triz todos os dias neste trânsito louco e assassino. Já estou com a nova carteira de motorista no bolso, mas recomendo não seguirem o meu exemplo. É preciso ficar de olho no vencimento da habilitação e preparar-se devidamente para a prova. Ou então fazer o curso de direção defensiva e primeiros socorros – que por informações que obtive, oferece dicas importantes e essenciais. O problema é que a gente se acha. Pensa que sabe tudo, e esquece que o volante é uma arma engatilhada. Uma estimativa diz que a cada ano os acidentes de trânsito no Brasil matam 40 mil pessoas, custam 30 bilhões de reais, deixam 100 mil vítimas com deficiências temporárias ou permanentes e 400 mil feridas. É um terremoto cruel e devastador. Precisamos nos dar conta disto, sobretudo quando a vida da nossa família está literalmente em nossas mãos.

Comparo a carteira de motorista com a fé cristã. Por isto as recomendações bíblicas: “Viva uma vida correta, de dedicação a Deus, de fé, de amor, de perseverança e de respeito pelos outros. Corra a boa corrida da fé e ganhe a vida eterna” (1 Timóteo 6.11,12). Jesus também disse que ele é o Caminho e que ninguém pode chegar ao Pai senão por ele (João 14.6). Seria um caminho tranquilo se não fossem as nossas falhas, desatenção, desobediência. Segundo uma pesquisa, noventa por cento dos acidentes nas rodovias são por falha humana. Na estrada espiritual é cem por cento. Pela justa lei divina, ninguém teria habilitação e direito de seguir rumo à cidade celestial. Existe, no entanto, uma boa notícia: “Por graça e sem exigir nada, Deus aceita a todos por meio de Cristo Jesus, que os salva” (Romanos 3.24). O que não permite desatenção, já que ainda estamos num trânsito repleto de perigos. Por isto a oportuna sinalização: “Prestem atenção na sua maneira de viver (...) Não ajam como pessoas sem juízo (...) Não se embriaguem (...) mas encham-se do Espírito de Deus” (Efésios 5.15-18).

Sem dúvida, dirigir um carro e viver a fé cristã tem muita coisa parecida. E, se não adianta apenas ter a carteira de motorista, mas é preciso também carregá-la junto, isto lembra que não basta ter a fé. Ao menos é isto que diz a Bíblia: “Que adianta alguém dizer que tem fé se ela não vier acompanhada de ações?" (Tiago 2.14).

Marcos Schmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Prepare-se: o Carnaval está chegando


No último domingo, zapeei algum tempo com o controle remoto da TV. É impossível não saber: o carnaval novamente está “chegando” novamente ao Brasil. A tragédia do Haiti ainda ocupa os holofotes, mas de maneira crescente os meios de comunicação voltam suas pautas para considerada “maior festa popular do Planeta”. Cada vez mais, tamborins, cuícas, fantasias, passistas, blocos aos poucos anunciam a sua chegada, convocando o povo para dias de “muita festa”.

Mas que festa? O Dicionário Etimológico Nova Fronteira explica que o carnaval é o "período anual das festas profanas, os três dias imediatamente anteriores à quarta-feira de cinzas, dedicados a folias, folguedos... do italiano carnevale". Ou, literalmente, festa da carne, carnal; relativa aos “prazeres” conectados com o lado físico do ser humano.

Boa parte das denominações religiosas cristãs tem procurado ficar a uma boa distância do carnaval. Não que exista algo errado no fato do cristão festejar, pular, cantar, alegrar-se. Também não existe problema no carnaval como uma manifestação cultural de grande mobilização e intenso apelo estético. O problema está no que o carnaval simboliza, provoca e, em muitos casos, pressupõe em diversos círculos sociais: o culto à “carne” (em detrimento de “espírito”), libertinagem, drogas, bebedeiras, sexo desvairado, desprotegido e, na maioria das vezes, descompromissado. Quem "pula" carnaval expõe-se ao risco de ser afetado negativamente por um ou mais destes excessos.

Diversas denominações religiosas têm olhado o feriadão de carnaval como uma época propícia para fazer uma espécie de contraponto à “festa da carne”: a “festa do espírito”. Grupos maiores ou menores se reúnem para celebrar a “festa” da fé. Uma “festa” que procura a edificação e a responsabilidade, e não a exposição ao dano físico e emocional e o descompromisso com valores necessários para bem-estar individual e social.

O cristão procura ter como norma para a sua vida individual e social o que a Palavra de Deus recomenda: “posso fazer todas as coisas, mas nem todas me convêm” (1 Coríntios 6.12). Dentro da sua liberdade cristã, ele questiona: Deus está presente? Isso vai trazer algum dano físico (e espiritual) para mim e para outras pessoas? Existe maneira de aproveitar melhor minhas capacidades, meu dinheiro e meu tempo?

Diz-se que, no Brasil, o ano somente começa depois do carnaval. Isso é grave. O início das folias tantas semanas antes permite uma reflexão oportuna sobre os nossos valores e o que queremos para a nossa própria vida e para o nosso país.

Dieter Joel Jagnow
Teólogo e Jornalista

sábado, 2 de janeiro de 2010

Torturas no fim de ano


Já faz dias que notícias do menino perfurado por agulhas chegam até nós. Gostaria de esquecer esse fato, mas a cada anuncio sobre procedimentos cirúrgicos sofrido pelo pequeno baiano funciona como uma nova agulhada que nos desperta em meio aos sonhos de um feliz ano novo.

Minha filha tem dois aninhos, idade do menino das agulhas. Paro, penso e logo sinto outra agulhada. Se não bastasse essa notícia lá do nordeste do Brasil fico sabendo que aqui no nosso estado, na cidade de Bagé, um casal foi preso por torturar um menino de cinco anos, idade do meu filho. O guri de Bagé foi encontrado com um dos olhos fechado por inchaço e infecção, dois dentes quebrados e a orelha perfurada, além de cicatrizes antigas. É de sentir náuseas!

Fim de um ano, início de outro, momento de faxinar, de limpar, organizar e recomeçar. Porém, é tanta maldade encardindo nosso ser que não encontro alvejante para limpar. Poluição no ar, sujeira na água, agulhas no corpo, pecado no coração. Ainda que num movimento global todos os países decidissem cuidar e limpar o mundo em que vivemos, restaria um pouco de poluição em cada canto, restariam aquelas agulhas tão fincadas nas entranhas que não poderiam ser removidas, restaria aquela sujeira de quem ergue as mãos, não para dar uma palmada corretiva, mas para torturar.

O que será de 2010? Que notícias chegarão aos nossos olhos e ouvidos? Mesmo o mais otimista dos humanos sabe que muitas agulhadas estão por vir, resta-nos a esperança no Menino que nasceu em Belém, que cresceu, morreu, ressuscitou e que agora vive como Rei, não coroado por espinhos que tal como agulhas penetraram a sua pele, mas com uma coroa incorruptível.

Pode não parecer, mas Ele reina! É certo que em meio a tantas maldades somos tentados a pensar que Jesus foi destronado. Mas é preciso lembrar que ele já havia anunciado as aflições do pecado continuariam conosco até o fim dessa presente era. Ele disse: “No mundo passais por aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16.33).

Um dia chegará o fim! Ninguém sabe o ano. Pode ser a qualquer instante. Acredito que não será em 2012, pois a palavra bíblica nos diz que o dia final virá como ladrão, quando ninguém espera. A verdade é que quando esse dia chegar, teremos um reinício, um novo céu, uma nova terra! Toda lágrima será enxugada, não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor (Apocalipse 21.4) . Mas isso será apenas para aqueles cujos pecados e maldades foram limpos pelo sangue do Cordeiro de Deus (Ap.7.14), o Senhor Jesus. Não há outro jeito de mover a sujeira do pecado senão pelo sangue do Cristo.

Que em mais um ano, Jesus nos anime para vencermos as aflições e nos alegre com as bênçãos que Deus misericordiosamente sempre nos reserva ano após ano.

Pastor Ismar Lambrecht Pinz
Comunidade Luterana Cristo Redentor
Três Vendas – Pelotas.