Sei que não deve estar sendo fácil para as duas mães de Goiânia que tiveram seus filhos trocados na maternidade, ainda mais agora, onde depois de um ano a troca foi desfeita.
Tenho dois filhos e sei o quanto nos apegamos aos “jeitinhos” de cada um, seus sorrisos e trejeitos. Por isso, sei que não deve estar sendo nada fácil! Também sei que as crianças estranham, devem procurar o cheiro daquela que os amamentou até o presente momento, mas não encontram.
No entanto, por meio de uma comparação quase descabida, quero mostrar outra verdade, a verdade das crianças que “não tem ninguém”, a verdade das crianças abandonadas, desmerecidas.
O que me veio à mente ao condoer-me com a situação das mães e filhos de Goiás é que esses dois meninos ainda possuem a honra, a glória de terem duas mães, cada uma os desejando mais que a outra. Reafirmo que a confusão deve causar dor e desconforto, porém não é uma dor maior do que as crianças rejeitadas, não é uma dor maior do que crianças renegadas, abandonadas!
Há relatos de crianças sendo vendidas para pedófilos, sendo comercializadas para prostituição!
Não sei o que é mais dolorido, se a desgraça para a qual são entregues ou se é o fato de não ter ninguém que as proteja.
No capítulo 5 do Evangelho de João, Jesus ajuda um paralítico, que tristemente confessou: “Senhor, eu não tenho ninguém para me ajudar!” Essa frase é dolorida: “eu não tenho ninguém!” Sua solidão incomodava tanto quanto a paralisia.
Num mundo globalizado, parece que cresce o número de pessoas que por força dos novos tempos são de todo mundo, mas que no fundo no fundo, não são de ninguém e “não tem ninguém!”
Nesse mundo de troca-troca, valores essenciais como o contato e o cuidado são deixados de lado, seja por interesses egoístas, ou por necessidade. Assim, cresce o número de babás eletrônicas, porém o sobressalto do amor maternal continua sendo semeado pelo Criador, para que cada um tenha alguém que os olhe, que os cuide, que os acompanhe!
E ainda que todos nos abandonem, e ainda que fiquemos como o paralítico, “sem ter ninguém”, ainda que sejamos trocados, tal qual mercadoria, ainda que sejamos esquecidos, temos o Senhor Jesus que se aproxima, que preenche a ausência de uma mãe, que nos renova com amor paternal. A promessa está escrita! A Palavra de Deus nos diz em Isaias 49.15: “Será que uma mãe pode esquecer o seu bebê? Será que pode deixar de amar o seu próprio filho? Mesmo que isso acontecesse, eu nunca esqueceria vocês.”
Que todas as mamães sejam abastecidas pelo amor de Deus para que o troca-troca da correria diária não afete tanto suas mentes e corações, a fim de que continuem sóbrias para embalar e despertar nos pequenos a esperança de um futuro melhor, na confiança de que “tem alguém” que os ama!
Pastor Ismar Pinz
Comunidade Luterana Cristo Redentor
Três Vendas, Pelotas, RS.
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