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É o “estar aí” com os outros que ainda faz a sociedade humana existir. Se a bússola para nortear o certo do errado é a consciência, o freio para a desordem é a vergonha na cara. É o que sobrou da imagem divina. Em Gênesis é dito que o ser humano foi criado parecido com Deus, isto é, santo, perfeito. Com a queda no pecado esta imagem ficou no céu. Mas o Criador deixou a vergonha na Terra. Tanto que logo após a queda, o primeiro casal se escondeu atrás dos arbustos porque percebeu que estava pelado. Este rubor diante da aparência dos órgãos sexuais estava dizendo: vocês agora são maus e por isto o limite da maldade de vocês estará no que os outros pensam.
Mas existe outro limite para o mal: o que Deus pensa. E aí entra uma história diferente da vergonha: o amor. E se nesta quinta-feira é festejado o dia da Ascensão do Senhor, então isto lembra que Deus se tornou semelhante ao ser humano para que o ser humano voltasse a ser semelhante ao Criador. E deixou uma tarefa antes de voltar aos céus: “Vocês serão minhas testemunhas” (Atos 1.8). Ser testemunha de Jesus é sentir vergonha do pecado e ter orgulho de fazer o que ele pede: “A natureza gloriosa do meu Pai se revela quando vocês produzem muitos frutos e assim mostram que são meus discípulos (...) O que eu mando a vocês é isto: amem uns aos outros” (João 15.8,17).
Por outro lado, penso que nestes dois mil anos o “se lixar” dos seguidores de Jesus se transformou num lixão a céu aberto. Um pecado contra o mandamento: “Não tomarás em vão o nome do Senhor, teu Deus”. Uma desatenção no pedido do Pai Nosso: “Santificado seja o teu nome” (Lutero explicou que santificamos o nome de Deus quando ensinamos corretamente a palavra de Deus e quando vivemos de acordo com esta palavra). Seria muito cômodo falar aqui dos outros – dos escândalos na história do cristianismo, e de tanta coisa que desmerece o nome “cristão”. Mas então olho para o deputado e vejo a própria cara. A minha imagem, e não a de Cristo que devo refletir.
“Procurem descobrir quais as coisas que agradam o Senhor”, recomendam as Escrituras. “Não participem das coisas sem valor que os outros fazem, coisas que pertencem a escuridão. Pelo contrário, tragam todas estas coisas para a luz. Pois é vergonhoso até falar o que essas pessoas fazem em segredo... Prestem atenção na maneira de viver” (Efésios 5. 10-12,15). Se lixar para aquilo que agrada Deus – creio que esta é não a saída.
Marcos Schmidt
Pastor luterano
marsch@terra.com.br
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