quarta-feira, 29 de abril de 2009

A máscara que ajuda

Nestas horas a gente pode pensar que já é o fim do mundo. Afinal, foi Jesus quem disse, falando sobre os sinais dos tempos, que “em vários lugares haverá grandes tremores de terra, falta de alimentos e epidemias” (Lucas 21.11), que “a maldade vai se espalhar tanto que o amor de muitos esfriará” (Mateus 24.12), que “muitos entregarão os seus próprios irmãos para serem mortos, e os pais entregarão os filhos, e os filhos ficarão contra os pais e os matarão” (Mateus 10.21). Mas ele também alertou: “Tomem cuidado para que ninguém engane vocês. Porque muitos vão aparecer fingindo ser eu, dizendo: ‘Eu sou o Messias’ ou ‘já chegou o tempo’” (Lucas 21.8). O pior mesmo é entrar em paranóia e seguir o primeiro “messias” que aparecer. A trágica história do pastor Jim Jones em 1978 mostra o quanto isto é perigoso, quando ele e 909 seguidores da Seita Templo do Povo cometeram suicídio coletivo. Aliás, parece que este tipo de coisa é que virou epidemia: matar a família e suicidar-se.

E se amanhã é o Dia do Trabalho, é oportuna a observação do apóstolo Paulo sobre a atitude de certas pessoas de sua época que aproveitaram os ensinamentos bíblicos sobre o fim do mundo para justificar o ócio: “Se afastem de todos os irmãos que vivem sem trabalhar (...) Quem não quer trabalhar que não coma (...) Há entre vocês algumas pessoas que vivem como os preguiçosos: não fazem nada e se metem na vida dos outros” (2 Tessalonicenses 3.6,10,11). Este tipo de febre apocalíptica gera confusão e transtornos à sociedade civil, além de ser um desvio da boa fé e conduta cristã.

Por isto, antes das máscaras contra a gripe, é necessário usar filtros para o espírito de porco que obriga seguir o estouro da manada. À exemplo desta doença mexicana quando as notícias dizem que medo e desinformação estão provocando uma corrida louca às farmácias. Em São Paulo, uma única cliente levou para casa todo o estoque de máscaras da loja. Outro cliente levou R$ 500 só em remédio de gripe. Além de exageradas, são atitudes egoístas. Fico pensando o pior nesta sociedade sem equilíbrio e solidariedade, de “cada um por si e Deus por todos”, caso sofrermos de fato uma pandemia gripal: vamos ter que nos afastar uns dos outros mais do que já estamos afastados. Portanto, vale a recomendação paulina: “Não se perturbem facilmente nem fiquem assustados” (2 Ts 2.2). Isto porque, se o vírus influenza da gripe se alastra de pessoa para pessoa, a influência do medo e da desinformação segue pelo mesmo caminho.

Pois quando nem os supremos juízes se entendem ou entendem alguma coisa, é bom manter a calma e a sobriedade, e praticar a oração: “Que o próprio Jesus Cristo, o nosso Senhor, e Deus, o nosso Pai, que nos ama e que na sua bondade nos dá uma coragem que não acaba e uma esperança firme, encham o coração de vocês de ânimo e os tornem fortes para fazerem e dizerem tudo o que é bom!” (2 Ts 2.16.17).

Marcos Schmidt
Pastor luterano
marsch@terra.com.br

terça-feira, 28 de abril de 2009

Concílio Nacional de Pastores da IELB

Foram momentos de grande alegria aqueles vividos em Balneário Camboriú, do dia 18 até o dia 21 de abril. Lá estavam mais de 550 pastores reunidos em torno do estudo e da comunhão.

O 5º Concílio Nacional de Pastores da Igreja Evangélica Luterana do Brasil teve como tema a Identidade Luterana. O lema escolhido foi o texto da carta do Apóstolo Paulo aos Romanos, capítulo 15, versículo 6: “Concordemente e a uma voz glorificamos ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.”

A Identidade Luterana foi estudada em vários aspectos, de diferentes pontos de vista. Na abertura do concílio, foi destacada a importância da Identidade Luterana, numa palestra dirigida pelo Dr. Jacob A. O. Preus, de Irvine, Califórnia – EUA. No decorrer dos estudos a Identidade Luterana foi abordada na sua essência confessional, na relação entre pastor e congregação, na liturgia e hinologia, na Santa Ceia, na relação com outras teologias e no ecumenismo.

Além dos estudos muito proveitosos, os pastores puderam reencontrar velhos amigos, colegas de turma, colegas de seminário, colegas de todos os cantos do país.

Deus abençoou muito esse concílio e com certeza abençoará muito a IELB através da atuação dos seus pastores nas paróquias e congregações, buscando sempre permanecer firmes na Identidade Luterana, levando Cristo para todos através da pregação clara e pura da Palavra e da administração correta dos Sacramentos.

Plenária do concílio

Hor da refeição

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Pastor Marcio recebe título de Especialista

Na quinta-feira, dia 16 de abril, o pastor Marcio esteve na cidade de Erechim – RS, apresentando sua monografia de conclusão do curso de Especialização em Pedagogia nas Organizações Empresariais e Sociais.

Esse foi o último e decisivo passo para a obtenção do grau de Especialista, concedido pela URI (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões), Campus de Erechim.

O pastor Marcio já havia cursado toda a parte teórica desta especialização antes de assumir a Congregação Evangélica Luterana de Volta Redonda, no final de junho de 2008.

O sentimento é de louvor e gratidão a Deus por mais esta conquista e de agradecimento a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para seu sucesso.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

No fundo do poço

Novo Hamburgo está nas manchetes e o assunto não é o calçado. É a sola da violência. A última notícia diz que ela é a cidade gaúcha campeã em roubos de carro. Mas esta miséria de vida (ou de morte) vem de todos os cantos. Das ruas, do lar, da escola... Não existe lugar onde a gente pode respirar tranquilo. E quando a própria casa perde a paz, então a paranóia é geral. O que está acontecendo? Para quem acompanha os debates e as análises de gente especializada no assunto, ouve dizer que o principal problema é o colapso da família.

E havia violência por toda parte”, diz a Bíblia em Gênesis (6.11). O fato que assusta é o lar. Este local que deveria ser o esconderijo virou campo de batalha. E apavora quando acontece pertinho de nós. Mas o que dizer desta violência que vive disfarçada e por isto não sai nos jornais? Que é emocional, moral, espiritual, e com consequências terríveis?

Qual a saída? Creio que a primeira coisa já está acontecendo: estamos nos dando conta. Porque enquanto vive-se na doce ilusão de que tudo vai bem, que existe salvação na tecnologia, na prosperidade, na segurança material – nestas coisas que já mostraram que não resolvem – nunca haverá qualquer chance de resgate.

Na verdade, é preciso chegar no fundo do poço para poder olhar para cima e ver a luz. E daí encontrar ajuda onde de fato existe. “O que pode fazer uma pessoa honesta quando as leis e os bons costumes são desprezados?” (Salmo 11.3), pergunta alguém em situação parecida. “Não adianta me dizerem: fuja como um pássaro para as montanhas” – foi a constatação. Lá nas montanhas o problema acompanharia. Porque a violência está dentro de cada um. “Porque de dentro, do coração, é que vêm os maus pensamentos, que levam às coisas imorais: os roubos, os crimes, o adultério, a avareza, as maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja, a calúnia, o orgulho, a falta de juízo” (Marcos 7.21,22), responde Jesus.

Eu lhes darei um coração novo e uma nova mente” (Ezequiel 11.19). Uma solução do Criador que se fez criatura e prometeu enxugar dos olhos todas as lágrimas (Apocalipse 21.4). Mas antes é preciso chorar. Por isto o mesmo salmista que não foge para as montanhas, declara: “Enquanto não confessei o meu pecado, eu me cansava (...) Então eu te confessei (...) e tu perdoaste todos os meus pecados” (Salmo 32.3,5). Davi olhou para o Cristo, conforme a promessa divina.

A única saída sempre virá daquele que está fora e ao mesmo tempo dentro de toda esta miserável situação. Por isto o Salmo 11: “Ele vê todas as pessoas e sabe o que elas fazem. O Senhor examina os que lhe obedecem e também aqueles que são maus; com todo o coração ele detesta os que gostam de praticar violências" (Salmo 11.4,5). E antes que eu olhe para os lados e me considere “bom” e os outros “maus”, devo ouvir Jesus na explicação do “não mate”: “Quem chamar o seu irmão de idiota estará em perigo de ir para o fogo do inferno” (Mateus 5.22). Só mesmo o resgate dos céus para sair deste buraco.

Marcos Schmidt
Pastor luterano
marsch@terra.com.br

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Não rasguem as roupas, mas sim o coração!

Quando criança, principalmente na escola, temos muito contato com outras crianças das mais variadas denominações religiosas. Nessa fase as crianças são muito espontâneas em relatar aquilo que aprenderam em casa, com seus pais. E as verdades aprendidas em casa ainda são “a verdade”, não se admite contestação ou idéia diferente.

Me lembro de algumas coisas, se não estranhas, pelo menos engraçadas pra minha cabeça da época de criança. Me lembro de um colega que dizia que não se podia comer um animal que foi degolado. Aí eu ficava pensando nas galinhas que minha tia matava torcendo o pescoço. Outras vezes ouvia colegas dizendo que na Sexta-Feira Santa não se podia comer carne vermelha, só peixe, e eu não gostava de peixe, mas salivava por um bom churrasco ou pela carne de panela da minha mãe. Que bom que nós crescemos e, bem instruídos na Palavra de Deus, podemos entender essas coisas.

A época da Quaresma é um tempo de preparação para a grande festa do cristianismo: a Páscoa. São quarenta dias (sem contar os domingos), a partir da Quarta-Feira de Cinzas até o Domingo da Páscoa.

O número 40 não foi escolhido aleatoriamente. Esse número é um reflexo de vários acontecimentos especiais que também necessitaram de um preparo especial: os quarenta dias de jejum de Moisés no Monte Sinai (Êx 24.18; 34.28); os quarenta dias que Elias permaneceu no monte Horebe (1 Rs 19.8); os quarenta dias das chuvas no Dilúvio (Gn 7.12,17); os quarenta anos de peregrinação do povo de Israel pelo deserto (Êxodo); os quarenta dias de purificação de uma mulher após o parto (Lv 12.2-4); os quarenta dias que Jesus permaneceu na terra após a sua ressurreição (At 1.3).

Todas essas formas externas de preparação eram uma exigência de Deus para o povo do Antigo Testamento pois Ele tinha um objetivo: que os outros povos enxergassem em Israel um povo diferente, que seguia um só Deus, o único Deus verdadeiro. Essa era a forma de se fazer missão. Contudo, mesmo no Antigo Testamento Deus sempre valorizou o que estava no coração e não somente o ato externo. Por isso ele diz através do profeta Joel: “em sinal de arrependimento, não rasguem as roupas, mas sim o coração” (Joel 2. 13).

Jesus, que veio para cumprir todas as exigências da Lei de Deus, que acabou de uma vez por todas com os sacrifícios, porque ele era “O Cordeiro de Deus”, nos diz no Sermão do Monte: “tenham cuidado de não praticarem os seus deveres religiosos em público a fim de serem vistos pelos outros” (Mateus 6. 1b).

A nossa preparação, não só para a Páscoa, mas para toda a obra de Deus, deve ser feita no nosso íntimo, onde o nosso Pai Celestial nos vê em segredo.

Mas nós não conseguimos nos preparar de forma digna. É Deus, e só Deus que pode renovar completamente nossas mentes e nosso coração (Efésios 4. 23).

É tempo de nos colocarmos nas mãos do oleiro celestial e deixar que Ele nos molde, nos transforme, nos renove e nos prepare para a Páscoa, para podermos, com grande alegria nos corações receber o Cristo ressurreto, Senhor de todos. Amém.

Pastor Marcio Loose

segunda-feira, 6 de abril de 2009

33 anos de bênçãos em Volta Redonda

O mês de abril é muito importante para a Congregação Evangélica Luterana de Volta Redonda.

Foi em abril de 1976 que, a pedido da família Hiller, recém chegada a esta cidade, o Pastor Luiz Carlos Garllip, então pastor em Nova Iguaçu, passou a fazer o atendimento às famílias luteranas de Volta Redonda.

Passaram-se os anos, novos pastores atenderam os luteranos voltarredondenses, muitos desafios, muitas dificuldades, mas também muitas bênçãos das mãos graciosas de Deus.

Por isso, neste último sábado (04.04) a Congregação Evangélica Luterana de Volta Redonda se reuniu para louvar a Deus pelos 33 anos muito abençoados concedidos à nossa igreja. Junto com os membros estavam também muitos amigos visitantes que compartilharam desse momento maravilhoso e de grande alegria. O pregador foi o Pastor Leonerio Faller, da Congregação Evangélica Luterana da Penha, no Rio.

Pedimos que Deus continue abençoando o trabalho de sua igreja aqui nesta cidade. Que através do trabalho da Igreja Luterana muitas pessoas possam conhecer o verdadeiro amor de Deus e tudo aquilo que Ele fez para nos dar a vida eterna.

"De fato, o Senhor fez grandes coisas por nós, e por isso estamos alegres". (Salmo 126.3)

Grupo de louvor da Congregação de Duque de Caxias.

Pastor Leonerio Faller proferindo a mensagem.

O presidente da congregação, Mauricio Ricardo, fazendo sua saudação e falando um pouco sobre os 33 anos de história do trabalho da Igreja Luterana em Volta Redonda.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Crianças desobedientes e violentas

A agressão da aluna contra a professora numa escola de Porto Alegre espanta, porque além de um problema generalizado, este tipo de coisa que é próprio de rapazes agora acontece entre as meninas. Até nisto elas têm conquistado espaço. Ontem ainda li sobre uma pesquisa da ONU, que 20% dos jovens brasileiros em idade escolar sofrem com o clima de agressividade no local onde estudam. E a maior atenção é no horário de recreio. Existe pânico entre os alunos nesta hora que deveria ser de diversão, tanto pelo medo da agressão física como pela psicológica.

Desobediência e violência sempre existiram. Faz parte da natureza humana de adultos e crianças. Mas, se viraram epidemia no meio escolar, logicamente elas têm ninho. O problema enfrentado na sala de aula vem do “quarto” – do quarto-mandamento: “Respeite o seu pai e a sua mãe, como eu, o seu Deus, estou ordenando, para que você viva muito tempo, e tudo corra bem para você” (Deuteronômio 5.16). Deveríamos redirecionar o mandamento: “Pais, façam seus filhos respeitarem vocês para que vocês vivam mais tempo e tudo corra bem com vocês”. Pode parecer drástico, mas tem muito pai e mãe com medo do filho. Um terror agora no coração dos educadores profissionais.

Isto não é conversa de pastor. É tema de estado, coisa de ordem pública. O mandamento da obediência aos pais é base para a ordem civil. Derruba-se esta regra e por tabela caem as seguintes do Decálogo - igual às peças de dominó: o quinto (não matar), o sexto (não cometer adultério), o sétimo (não roubar), o oitavo (não difamar) e o nono e décimo (não cobiçar). Tudo começa (ou termina) neste princípio de ordem familiar. E pela importância vital deste mandamento bíblico, é o único que contem uma promessa: “para que você viva muito tempo e tudo corra bem para você”. Quem não obedece aos pais em casa, não obedecerá o professor na escola, a polícia, o patrão, o superior. E assim esta criança mal-criada está no caminho da desgraça, e se existir um bando delas, a desgraça está feita na sociedade.

Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem irritados. Pelo contrário, vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos” (Efésios 6.4). Isto tem dois mil anos, mas é novo, atual. Tratar com irritação é fazer o que estamos fazendo. É deixá-los sem disciplina, sem direção, sem firmeza. “Eduque a criança no caminho que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele” (Provérbios 22.6), também diz a Bíblia. A educação moderna mudou isto: “Eduque a criança neste, naquele, ou em qualquer caminho, tanto faz, ela deve escolher o que é melhor para ela”. Já ouvi gente cristã me dizer: Não batizo meu filho porque é ele que deve escolher a religião.

Estamos colhendo o que plantamos, mas ainda existe salvação. Creio que a plena solução e o exemplo sempre estarão naquele de quem foi escrito: “Embora fosse o Filho de Deus, ele aprendeu, por meio dos seus sofrimentos, a ser obediente” (Hebreus 5.8).
Marcos Schmidt
Pastor luterano
marsch@terra.com.br